Responsável por um terço da produção mundial de alimentos e por 90% da reprodução das plantas, a abelha é um animal essencial para a manutenção de todo o ecossistema e da vida na Terra. De acordo com a Associação Brasileira dos Estudos das Abelhas (A.B.E.L.H.A), suas produções - tais como mel, própolis, cera e geleia real -, além de proporcionarem inúmeros benefícios à saúde, contribuem de maneira efetiva para a produção agrícola em todo o país.

Com o objetivo de ampliar o debate sobre o tema no estado e contribuir na promoção de ações de empreendedorismo na área, a Universidade Federal de Sergipe realizou na última terça-feira, 29, o I Encontro Sergipano de Apicultores e Meliponicultores. O evento, que aconteceu no auditório do Departamento de Zootecnia, reuniu cerca de 200 pessoas, dentre pesquisadores, profissionais, extrativistas, comerciantes, estudantes e e interessados na área.

Para o professor do departamento de Ciências Florestais da UFS Mário Jorge dos Santos, o evento é de suma importância para destacar a produção local, aprimorar técnicas de cultivo e produção, além de reunir o sinergismo ambiental, econômico e social, uma vez que o trabalho das abelhas interfere em todo o ambiente.

“Quando falamos em abelhas, automaticamente falamos sobre uma integração das ciências agrárias, biológicas e sociais. Dessa forma, além de sediar o evento, a UFS tem por objetivo a inclusão da comunidade acadêmica para o entendimento do cenário da apicultura e da meliponicultura em Sergipe e no Brasil, envolvendo as empresas juniores e as associações da universidade para capacitar e promover o empreendedorismo”, explica o professor Mário Jorge, responsável pela organização do evento.

Segundo o apicultor e presidente da Associação Sãocristovense de Apicultores e Melipinicultores de Sergipe (Asan)) Ricardo Thairon dos Santos, embora com grande potencial, o estado de Sergipe enfrenta grandes dificuldades na produção, na manutenção e na valorização da atividade, sobretudo no que diz respeito ao incentivo local.

“Para se ter uma ideia, o município de Poço Verde é o nosso maior produtor, detendo 35% de toda a produção no estado. No entanto, quase que a totalidade de todos os produtos é comercializada fora do estado, o que dificulta a valorização de toda a nossa cadeia produtiva”, conta Thairon.

Engenheiro agrônomo egresso da UFS, ele explica ainda a diferença entre apicultores e meliponicultores consiste no gênero da abelha com o qual o profissional trabalha.

“Basicamente, o apicultor é o profissional que trabalhar com abelhas do gênero Apis, que é a abelha com ferrão. Já o meliponicultor é o que trabalha com abelhas do gênero Melipona, que trata de uma abelha com ferrão atrofiado, popularmente conhecida como abelha sem ferrão. Ambas produzem mel de extrema qualidade, ficando as diferenças por conta do sabor, da viscosidade e da densidade”, explica ele.

Dados da Associação Sergipana de Apicultores e Polinicultores estimam que, em 2022, houve uma produção de 100 toneladas de mel em todo o estado.

Para a gestora ambiental Shirlaine Freitas, o evento é uma grande oportunidade de fortalecer a educação ambiental junto à comunidade acadêmica.

“Quando interferimos no meio ambiente, interferimos também em todo o trabalho das abelhas e, consequentemente, em todo o ecossistema, uma vez que elas são responsáveis por um terço da produção mundial de alimentos. Assim, entender as abelhas também é entender sobre a vida e sobre como vivemos no meio ambiente. Ter esse senso de educação ambiental é fundamental para que possamos preservar o planeta”, conta Shirlaine, que é pós-graduada em Práticas integrativas e complementares è saúde.

Ela salienta ainda que é possível conhecer de perto o trabalho dos meliponicultores em Aracaju através do primeiro Meliponário público de Sergipe, localizado no Horto Florestal do Parque da Sementeira.

“Os meliponários são os abrigos de abelhas nativas do Brasil, conhecidas pelos seus ferrões atrofiados e por não serem nocivas ao ser humano. O meliponário público de Sergipe dispõe de sete espécies dessas abelhas e tem como objetivo evidenciar a importância desses animais no papel de polinização, além da manutenção de todo o ecossistema”, explica.

O evento contou com palestras relacionadas ao meio ambiente, turismo, geração de renda ao produtor, manejo, produção de pólen e empreendedorismo.

Jéssica Vieira - Ascom UFS

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